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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Gota d'Agua, assine por favor!

GOTA D'AGUA   http://www.movimentogotadagua.com.br/assinatura



Vossa Excelência Sra Presidente Dilma Rousseff

Exmo. Sr. Presidente da Câmara dos Deputados Marco Maia PT/RS


Nós do Movimento Gota D’Água pedimos o vosso empenho e ação para evitar mais umdesastre ambiental de proporções gigantescas:
  • • pedimos vossa atenção para ouvir os argumentos da população do Xingu, dos ambientalistas, técnicos e cientistas verdadeiramente empenhados em achar soluções para o desenvolvimento sustentável do Brasil.
  • • pedimos o fim dos discursos ambientalistas de palanque e o avanço na direção de umadiscussão verdadeira em prol de políticas alternativas de geração de energia sustentável - capazes de gerar a energia necessária ao desenvolvimento do país, sem arruinar um ecossistema dessa magnitude
  • • pedimos a interrupção imediata das obras de Belo Monte e a abertura de um amplo debate, que convoque os brasileiros a refletir e a opinar sobre qual modelo de progresso estão dispostos a perseguir, cientes das conseqüências de suas escolhas.
(Os Signatários)


English

To Ms President Dilma Rousseff
To the National Congress of Brazil - Mr. Deputy Marco Maia PT / RS

The petition of “Movimento Gota D’água”,
A nonpartisan organization, committed to stop the imminent building of Belo Monte and to increase the awareness of the Brazilian population over the subject of sustainable development,

Declares that
The building of a gigantic hydroelectric power plant in the Amazon Forest will destroy the natural habitat of thousands of species and brutally dislodge entire local communities. What amount of electric energy would justify such an act of violence and destruction?

The petitioners therefore request that the President and Brazilian Congressmen bring their commitment and action to prevent another environmental disaster of gigantic proportions and request:
  • • That the arguments of the people from Xingu are heard, as well as the alternative solutions for energy generation presented by environmentalists and scientists;
  • • That campaing speeches on enviromental issues are replaced by a true discussion of alternative policies to promote and develop technologies, which are able to generate the energy needed to develop the country, without ruining an ecosystem of this magnitude and value;
  • • That the construction of Belo Monte be stopped immediatly.
  • • The opening of a national debate to increase the awareness of the Brazilian people to reflect and opine on what model of progress we are willing to pursue, aware of the consequences of our choices.
And the petitioner(s) remain(s), etc.

ASSINE AQUI!



(Opcional)

PRIVACIDADE DO ENDEREÇO DE E-MAIL:

Privado: Seu email é guardado num local privado e seguro e utilizado apenas para validar sua assinatura.
Público: Público significa que qualquer pessoa que navegue no site do abaixo-assinado poderá ver seu email e também enviar-lhe um email.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Vote na Dilma por Arnaldo Jabor

VOTE NA DILMA

por Arnaldo Jabor

VOTE NA DILMA !

As promoções da época!

Vote na Dilma e ganhe, inteiramente gratis, um José Sarney de presente agregado ao Michel Temmer.

Mas não é só isso, votando na Dilma você também leva, inteiramente grátis (GRÁTIS???) um Fernando Collor de presente.

Não pense que a promoção termina aqui.

Votando na Dilma você também ganha, inteiramente grátis, um Renan Calheiros e um Jader Barbalho.

Mas atenção: se você votar na Dilma, também ganhará uma Roseana Sarney no Maranhão, uma Ideli Salvati em Santa Catarina e uma Martha Suplício em S. Paulo.

Ligue já para a Dirceu-Shop, e ganhe este maravilhoso pacote de presente: Dilma, Collor, Sarney pai, Sarney filho, Roseana Sarney, Renan Calheiros, Jáder Barbalho, José Dirceu, Delúbio Soares, José Genoíno, e muito, muito mais, com um único voto.

E tem mais, você também leva inteiramente grátis, bonequinhos do Chavez, do Evo Morales, do Fidel Castro ao lado do Raul Castro, do Ahmadinejad, do Hammas e uma foto autografada das FARC´s da Colombia.

Isso sem falar no poster inteiramente grátis dos líderes dos bandidos "Sem Terra", Pedro Stedile e José Rainha, além do Minc com uniforme de guerrilheiro e sequestrador.

Ganhe, ainda, sem concurso, uma leva de deputados especialistas em mensalinhos e mensalões. E mais: ganhe curso intensivo de como esconder dinheiro na cueca, na meia, na bolsa ..., ministrado por Marcos Valério e José Adalberto Vieira da Silva e José Nobre Guimarães.

Tudo isto e muito mais!

TSE retira comentário do Arnaldo Jabor do Site da CBN

Leia o comentário de Dora Kramer, Estadão de Domingo:

'A decisão do TSE que determinou a retirada do comentário de Arnaldo Jabor do site da CBN, a pedido do presidente 'Lula' até pode ter amparo na legislação eleitoral, mas fere o preceito constitucional da liberdade de imprensa.
  
Não deixe de repassar é o mínimo que podemos fazer diante de tanta corrupção! 

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Excellent blog on responsible urban renewal -- Blog da Raquel Rolnick

You know it is really nice to see a Brazilian blog that offers up some concrete solutions to urban problems in Brazil, instead of the usual endless litany of complaints.

Parabéns Raquel!!!

We need to focus much more attention on urban renewal in the U.S., as well -- after all, that is where most people live today and will live tomorrow.

Link: http://raquelrolnik.wordpress.com/

sábado, 26 de julho de 2008

BOLETIM FEBRACTA: Controladores de Tráfego Aéreo Brasileiros

BOLETIM FEBRACTA

Controladores de Tráfego Aéreo Brasileiros,

Há alguns dias que nossos colegas de Manaus ouviram a sentença condenatória da Justiça Militar. É apropriado revelar que, dos membros votantes nesta causa (4 oficiais militares, JUÍZES NÃO TOGADOS, e um único Juiz de Direito, TOGADO), o membro civil, O JUIZ TOGADO isentou aos controladores de tais acusações, o que nos anima a acreditar que, em instâncias superiores à militar, lograremos êxito. Estamos articulando os próximos passos, juntamente com os Controladores de Manaus.

Lamentamos, também, informar que o Carlos Trifílio, Presidente da FEBRACTA, foi preso em flagrante, na quarta-feira, acusado de insubordinação (Art. 163 do CPM). O Dr. Tadeu, protamene atuou para para desfazer mais este ato, contra o Presidente da FEBRACTA. Ontem, Quinta-feira, dia 24 de julho de 2008, foi determinada sua liberação, tendo sido considerada abusiva tal atitude.

Há uma longa história que culminou nesta prisão em flagrante, levando-o à condição de preso de justiça e recolhido a uma cela da Base Aérea de São Paulo. Tudo isto por ter se deslocado da Base Aérea de São Paulo ao SRPV SP, aparentemente, contrariando seu chefe. Imagine, estamos no século 21, a maioria das 'Polícias' já aboliram esta prática. No entanto...

O Trifílio está afastado desde dezembro de 2006. Ele e o Alves, da Bahia, são os precursores neste processo de perseguição que se estabeleceu contra os diretores de Associações de Controladores por todo o país, exceto, logicamente, a associação de Curitiba. Depois deles muitos outros se encontram 'soltos' em diversas organizações militares e setores diversos da burocracia. Em torno deste evento há muito o que ser explicado, o que um dia, certamente, iremos poder falar abertamente. Toda esta história já está sendo registrada por diversas pessoas.

Nós temos muito a lamentar. Entretanto, confiantes nos princípios constitucionais contemplados, principalmente no artigo 5º da CF - DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS, sabemos que chegará a hora em que todas as 'autoridades e instituições' responderão pelos seus atos, sejam pelas ações judiciais impetradas pela FEBRACTA e seus Diretores, seja pelo inevitável do infortúnio, das conseqüências dos muito equívocos que se cometem em tantas medidas desencontradas no ATC brasileiro. Infelizmente, um grave acidente aéreo amadurece nos porões do intangível mundo do ATC. E, nesse momento, inevitavelmente, mudanças acontecerão. Isto não é uma profecia e nem constitui vontade desta instituição, que é de privada, sendo nada mais do que uma perspectiva lógica, fruto de muitas medidas que enfraqueceram tecnicamente a competência técnica geral no ATC brasileiro.

Lembramos, também, que o Trifilio encontra-se ABANDONADO pelos controladores de São Paulo, a quem imputamos responsabilidade pela omissão e egoísmo, além de seriamente ADOENTADO (apresenta um quadro de debilitação fisiológica preocupante). Mas tudo isto não é o mais importante diante da missão que todos nós aceitamos, diante do senso de que, antes de qualquer qualificação de condição funcional, militar ou civil, somos todos SERVIDORES DO PAÍS, com o DEVER de fazer o que é correto fazer, independente das conseqüências imediatas, que podem ser desde a incompreensão DOS PRÓPRIOS CONTROLADORES de nossas equipes operacionais, mas também de quem mantém este estado de coisas. Atualmente, nas Organizações Militares, muito se fala que, antes de controladores, são militares. Nós concordamos com essa afirmação, acrescentando que é exatamente por isto inevitável mudar esta verdade. Quem controla os céus do país com tanta dedicação e entrega precisa de DEDICAÇÃO EXCLUSIVA, não significando, objetivamente, uma melhora ou piora das condições, mas é necessário DESMILITARIZAR o ATC, inclusive na INFRAERO. Não é possível conciliar escalas operacionais beirando o absurdo com atividades colegiais militares (marchas, escalas e formaturas militares, por exemplo).

O que nos move nisso tudo, é a lembrança do sofrimento daqueles que ficam sem seus parentes que se vão em cada acidente aéreo. Imaginem vocês, por um pequeno instante, o que significa perder a vida àqueles que pagam por um Serviço Essencial, esperando decolar e pousar com SEGURANÇA. Não podemos permitir que se esqueçam dos rostos daqueles que ficam consternados pelos aeroportos, esperando uma informação, esperando por uma explicação plausível sobre o que aconteceu. Mães e pais, amigos e toda a sociedade brasileira sofre. Quem se omite de atuar, de fazer o que é certo, pensando, tão somente, em resolver seus próprios problemas, de fato, contribui com a manutenção do atual sistema e semeia conseqüências a si mesmo ou ao colega que estiver ocupando uma Posição Operacional num dia desses.

Não queremos polemizar, mas contribuir para uma reflexão sincera sobre o que acontece no ATC brasileiro. Pensem, pois, um pouco mais no que você tem feito para melhorar a SEGURANÇA no ATC aí no seu órgão ATC onde trabalha. Pensem no que nós, PROFISSIONAIS, temos feito pelo sustento desta luta.

Será que temos feito o que, REALMENTE, podemos?

Procure uma associação ligada à federação e ofereça recursos intelectuais e financeiros. Atue com coragem, cumpra o seu verdadeiro DEVER!

AGÊNCIA FEBRACTA

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Caetano Veloso: Between Fidel and the CIA (or, "The Thrill Is Gone" -- long gone!)

BLOG DO NOBLAT, enviado por Caetano Veloso, 21.7.2008, 11.03 h

Entre Fidel e a CIA

Eu disse que voltava ao assunto: na Europa todos os jornalistas me perguntam sobre o caso Fidel. Eles sabem apenas que Fidel ralhou comigo por causa de uma canção sobre Guatánamo.

Fico um tanto triste. Na verdade acho que Fidel não foi político ao me acusar de pedir perdão ao imperialismo americano e ao chamar a atenção para um trecho de entrevista onde aparece crítica a Cuba (e reconhecimento dos conseguimentos civilizatórios dos Estados Unidos), em detrimento da canção em si, que é o que devia contar mais.

Afinal, uma canção é imediatamente ouvida e assimilada por muitos; uma entrevista, mal e mal por poucos. No nosso caso, a canção mostrou-se forte, arrancando aplausos entusiasmados em todos os shows do Obra em Progresso e repercussão na imprensa e um forte boca-a-boca. Com o evidente potencial de, uma vez gravada, tornar-se enormemente conhecida e mesmo amada.

Já a entrevista nem era boa. Tive pequenos problemas com o modo como ela foi editada (sobretudo no que diz respeito à sucessão presidencial e à ausência de crédito a uma frase de Mangabeira Unger), mas não especialmente no que se refere ao caso Fidel/Base de Guantánamo. Quanto a isso, sei que fui eu a me expressar de modo afobado e daí obscuro.

Eu não queria receber aplausos fáceis da esquerda e ser tomado por um anti-americanista recém-saído do armário. Não sou Neil Young. Nem quero ser o Mick Jagger de "Sweet New Con Or Something": um inteligente neo-liberal (no sentido nobre do termo) como Jagger jogando para a galera num tom que, a despeito do acerto básico na apreciação da questão, soa demagógico. Minha "Guantánamo" não tem nada disso.

O próprio estilo despido e enxuto (diferente aliás, quanto a isso, embora não quanto à sinceridade, do de "Haiti", com que alguém aí, erradamente, a identificou) atesta uma atitude direta nascida de observação simples que levou a um estado de espanto indignado. Pareço um poeta concreto, fazendo boa crítica positiva do próprio trabalho? Ótimo. Adoro parecer um poeta concreto.

Se o risco de a crítica estar muito aquém da que os pobres produtores das obras podem apresentar, para quê falsa modéstia? Fidel poderia ter sido aconselhado por aqueles que, perto dele, ouvem música e pensam em cultura a calar o bico e deixar a canção fazer sua parte, com a entrevista relegada ao esquecimento. O resultado seria um renascimento da força afetivo-simbólica que a revolução cubana tem na mente da minha geração de latino-americanos. E até da imorredoura simpatia que a própria figura de Fidel arranca do nosso cerebelo. (Ou hipotálamo?)

Mas não. Ele transformou o episódio numa manifestação anti-Cuba. Os europeus não conhecem a canção, só a fofoca de celebridades velhas do folclore político da América Latina: o Comandante contra o "ex-revolucionário" tropicalista. A ignorância! Mas insisto em que um país onde as pessoas precisam de permissão especial para viajar ao exterior não é o melhor exemplo de respeito aos direitos humanos. Ir e vir é simplesmente o mais básico destes.

Deixa os frankfurtianos dizerem que a "busca da felicidade" é mais cruel do que o nazismo. Tou fora. Só espero que com essas declarações sinceras de amor (mesmo meio morto) pela revolução cubana, não venha agora ser a CIA a anotar que pedi perdão ao ditador. Mas acho que a CIA é menos grossa do que isso.

Blog post here: http://oglobo.globo.com/pais/noblat/#115169

sábado, 12 de julho de 2008

Um Heroi Brasileiro -- o Juiz Fausto Martin de Sanctis puts Daniel Dantas behind bars twice

A major row has broken out among Brazil's judiciary over a corruption probe that has seen a businessman arrested and freed twice in two days.

Each time, prominent businessman Daniel Dantas was ordered released by the president of Brazil's Supreme Court.

At least 130 members of the judiciary have signed a letter in support of the judge who ordered both arrests and who is himself now under investigation.

The Supreme Court chief said there was not enough evidence for the arrests.

The decision by Gilmar Mendes, the president of the Supreme Court, has also been criticised by the association of senior officers in the Federal Police and dozens of public prosecutors.

Bribery allegations

Mr Dantas was arrested earlier this week along with a number of other people as part of a wide-ranging corruption investigation.

Following an application by defence lawyers for habeas corpus, Mr Mendes ordered his release.

Mr Dantas was detained for a second time just a few hours later, amid allegations that some of his associates had tried to pay a bribe to interfere with the continuing police operation.

However, within 24 hours Mr Mendes again ruled that Mr Dantas should be freed.

The businessman was driven away from the Sao Paulo police station where he was being held.

Mr Mendes said in his ruling that he believed there was insufficient grounds for the arrest.

He also made clear he regarded the decision by a judge in a lower court that Mr Dantas should be detained a second time was an act of disrespect, and said copies of the judge's ruling should be passed on to the relevant legal authorities.

That decision caused considerable anger in legal circles, and at least 130 judges have now put their names to a statement in support of Judge Fausto Martin de Sanctis, who ordered both arrests.

The Federal Association of Judges of Brazil said Judge de Sanctis had done nothing more than exercise the role assigned to him by the constitution.

In a further bizarre development the office of the president of the Supreme Court was checked for listening devices after claims that the same judge had ordered the police to carry out surveillance.

Nothing was found, and Judge de Sanctis has denied this allegation.

The original police investigation is continuing, but of the 17 people arrested earlier in the week only one is still in custody.

For the moment the investigation's objectives seem overshadowed by the controversy which has engulfed the judiciary.

Link to BBC article: http://news.bbc.co.uk/2/hi/americas/7503600.stm

terça-feira, 27 de maio de 2008

Jefferson Péres morre aos 76; and then there were four

Senador do PDT, cuja marca principal era a defesa da ética na política, teve um enfarte em casa, em Manaus

André Alves e Ana Paula Scinocca

Vítima de um enfarte fulminante, o senador Jefferson Péres (PDT-AM), reconhecido pela permanente briga no Congresso em defesa da ética, morreu ontem, por volta das 6 horas, em sua casa, no bairro Adrianópolis, em Manaus. Aos 76 anos, o parlamentar tinha atuação dura, relatou casos rumorosos - como a cassação do ex-senador Luiz Estevão e um processo contra o ex-presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) - e era forte crítico do governo Lula, apesar de o seu partido integrar a base aliada. Sua morte foi lamentada no meio político, com manifestações das principais expressões nacionais.

A mulher do senador, a juíza aposentada Marlídice de Souza Carpinteiro Péres, de 60 anos, disse que o senador acordou no horário habitual, por volta das 5h30, tomou café e desceu as escadas de sua casa, de dois andares, para apagar as luzes do jardim. Não fez a costumeira caminhada ao redor da piscina, exercício que praticava todas as manhãs. Ao retornar para o quarto, sentou-se na cama e reclamou de forte dor no peito. “Estou passando mal”, disse.

Marlídice chamou o médico da família, César Cortez, mas não houve tempo para prestar socorro. “Ele era hipertenso arterial. Teve enfarte agudo fulminante, que causa parada cardíaca e respiratória”, explicou o médico. A mulher e dois filhos do senador, Ronald e Roger, estavam em casa. O terceiro filho, Rômulo, estava nos Estados Unidos, a passeio, e tentava ontem retornar a Manaus.

Líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio Neto (AM) acompanhou Péres em sua última viagem de Brasília para Manaus. “Ele aparentava estar muito bem”, contou o tucano. Durante o vôo, conversaram sobre política, filmes e literatura. Eles desembarcaram na capital amazonense às 13h30 de quinta-feira. Naquela tarde, Péres acessou sites de notícias, colocou em dia artigos que publicava em jornais e organizou a agenda. “Foi um nome que o Amazonas doou para o País. Uma referência de ética e de moralidade”, lamentou Virgílio, ao saber da morte.

O velório movimentou ontem o Centro Cultural Palácio Rio Negro, antiga sede do governo do Amazonas. O enterro será hoje, às 16 horas, no cemitério São João Batista, no bairro Adrianópolis, onde Péres morava. O governo estadual decretou luto por três dias. No Senado, a bandeira ficará a meio mastro por esse mesmo período.

REPERCUSSÃO

Ultimamente, Péres defendia abertamente uma ampla investigação sobre as suspeitas envolvendo o deputado Paulinho Pereira da Silva (SP), o Paulinho da Força, filiado ao seu partido. Da mesma forma, criticava o governo Lula, embora seu partido componha a base aliada no Congresso.

A notícia de sua morte se espalhou e levou ao Congresso, em plena sexta-feira pós-feriado, todos os senadores que estavam em Brasília. O presidente do Congresso, Garibaldi Alves (PMDB-RN), foi imediatamente à Casa, abriu a sessão consternado e referiu-se ao pedetista como um “um senador franzino e pequenino que se agigantava” na defesa da democracia.

“Perdemos um grande senador, grande homem público, um homem dedicado à defesa da democracia, um dos sustentáculos da coluna vertebral do Senado”, discursou Garibaldi. “Foi-se um guerreiro de luta e coerência. É uma perda muito difícil”, disse a senadora petista Serys Slhessarenko (MT).

“Essa morte, de chofre, nos deixa a todos consternados. Péres foi um companheiro altivo, independente, que sempre mereceu o nosso respeito, até quando discordávamos dele. Era um homem íntegro, probo e um baixinho que provou que tamanho não é documento”, afirmou o senador Geraldo Mesquita (PMDB-AC).

Também senador pelo Amazonas, João Pedro (PT) era um dos mais emocionados. “Fui vereador com ele nos dois mandatos em Manaus e também fomos eleitos senadores juntos. O Amazonas perde muito pelo homem público que era o senador Jefferson Peres, referência nacional. Senador franco, duro, exigente, mas profundamente ético”, afirmou.

Médico, o senador Mão Santa (PMDB-PI) disse que o colega não tinha “perfil” para ser vítima de enfarte. Funcionários do gabinete de Péres receberam centenas de telefonemas de solidariedade. “A saúde estava em dia”, afirmou um assessor.

REPERCUSSÃO

José Serra (PSDB),
Governador de São Paulo

Ele era um conselheiro. Pessoalmente, eu perco um amigo e alguém que sempre me incentivou na luta política. Jefferson foi dos nossos melhores senadores e melhores integrantes do Congresso. Era um homem firme, sereno, de convicções democráticas profundas, muito bem preparado.

José Múcio Monteiro, Ministro das Relações Institucionais

A democracia amanhece empobrecida. Jefferson Péres foi um homem que pautou a sua vida pelos princípios da ética e da moralidade.

Nelson Jobim, Ministro da Defesa

Era um homem importante, um grande amigo. Desempenhava um papel dentro do Senado que tinha uma funcionalidade muito forte. É uma grande perda.

Carlos Lupi, Ministro do Trabalho e ex-presidente do PDT

Travou batalhas inesquecíveis, colocando sempre em primeiro plano seu amor e sua ferrenha defesa aos princípios básicos da ética política.

Marco Aurélio Garcia, Assessor especial da Presidência

Em alguns momentos tivemos divergências sobre política externa, mas,mesmo que eu discordasse de alguns pontos de vista dele, obviamente que ele queria o melhor para o Brasil.

Gilmar Mendes, Presidente do STF

Era um homem extremamente correto, probo e dedicado às causas e interesses do País.

Aécio Neves (PSDB), Governador de Minas Gerais

Jefferson Péres entra para a história brasileira como um dos homens que honraram a atuação como parlamentar levando às últimas conseqüências a honrosa tarefa de representar com altivez seus conterrâneos.

Geraldo Alckmin (PSDB), Ex-governador de São Paulo

Ao longo de sua vida, Jefferson Péres não apenas defendeu os legítimos interesses da população do Amazonas, mas exerceu a política com ética e honra, tornando-se, assim, uma referência para o Senado, o Congresso e o Brasil.

Paulo Pereira da Silva (SP), Deputado e presidente nacional do PDT

Ele dedicou sua vida em prol do bem público, era um homem íntegro e referência ética no Congresso.

Garibaldi Alves, Presidente do Senado

Perdemos um grande senador, um grande homem público, um homem dedicado à defesa da democracia e que era um dos sustentáculos da coluna vertebral do Senado. Era um grande peregrino em defesa da ética.


Cristovam Buarque, Senador pelo PDT-DF

Com o falecimento do senador Jefferson Péres morre também a moral da política brasileira.

Serys Slhessarenko, Senadora pelo PT-MT

Foi-se um guerreiro de luta e coerência. Para nós, é uma perda muito grande, muito difícil.

Mozart Valadares Pires, Presidente da AMB

Símbolo da independência política, o senador lutou pela democracia durante toda a sua carreira com uma postura ética irrepreensível.

Link to article: http://www.estado.com.br/editorias/2008/05/24/pol-1.93.11.20080524.17.1.xml

sábado, 17 de maio de 2008

Danuza Leão e o ponto de vista estreito dela

DANUZA LEÃO

Num restaurante em Paris

21/07/2007 14:53


Era um bistrô daqueles simples. Na mesa à minha direita, duas senhoras; feias, com a roupa errada, o penteado errado, e muito felizes, com uma garrafa de vinho na frente. Além de comer muito, no final ainda dividiram uma torta de maçã com bastante creme. Eram mulheres sem marido, dava para ver. Elas usavam anéis de ouro - nada de mais - e cada uma tinha nos braços uma ou duas pulseirinhas também de ouro.

Uma pulseirinha de ouro não custa tão caro, mas não é uma coisa que se olha na vitrine e se compra, como se fosse um nada. Para quem não tem muito dinheiro, como devia ser o caso das duas, se olha, se pensa, e se paga em três vezes. Daí minha curiosidade: por que as mulheres gostam tanto de uma pulseirinha de ouro? Não dá para entender, e no fundo, quem tem razão é Rita Lee: as mulheres são todas loucas.

Na mesa em frente, um casal: ele grisalho, entre 50 e 60, em boa forma. Ela meio feia, entre 30 e 40. Durante o jantar, algumas vezes ele segurou a mão dela, e às vezes a olhou dentro dos olhos, como se estivesse - e estava - tentando seduzi-la para ir para a cama com ele. Ele era, visivelmente, casado (com outra, claro). Homens desta idade nunca fazem charme para suas próprias mulheres; jamais.

A noite foi passando; as duas mulheres e o casal não paravam de falar. Franceses falam muito, e em qualquer café, qualquer restaurante, estão sempre falando: discutem o último filme, o ministério de Sarkozy, filosofia, qualquer coisa. Eles têm sempre assunto.

As mulheres pediram mais uma garrafa de vinho, o casal um conhaque, e só quando o restaurante se esvaziou e já estava quase fechando todos pediram a conta - eu, inclusive - e fomos embora.

O casal entrou num carro; já as mulheres foram pegar o metrô, ficando de se rever breve. Eu me sentei no terraço de um café, e fiquei pensando na vida daquelas quatro pessoas.

Estava claro que a mulher não queria nada com aquele homem, mas ele continuaria fazendo todos os charmes da terra para subir no apartamento dela. E também estava claro que para as duas mulheres aquele jantar havia sido um grande acontecimento, que as livrou de ficar sozinhas, vendo a televisão. Ah, esqueci de dizer que era um sábado, e a noite de sábado é particularmente difícil para a maioria das pessoas, sobretudo as que trabalham duro a semana inteira, como devia ser o caso delas.

E fiquei pensando em como as pessoas fazem de tudo para não ficarem sós. Que seja com uma amiga, com um homem, de preferência com um grande amor, quase tudo que elas fazem na vida tem um único objetivo: encontrar alguém. Não para necessariamente transar, se apaixonar, ter um caso ou terminar casando: apenas para não ficarem sós. Por que são tão raras as pessoas que conseguem? Afinal, nascemos e morremos sós, e nossos pensamentos e nossa imaginação são suficientes para viver várias vidas, mas não: precisamos ter algum contato, seja ele qual for, seja com quem for, de medo da solidão.

Pensando na minha própria, resolvi entrar num cyber café e me ligar na internet para saber o que estava acontecendo no Brasil. Afinal, já estava há três semanas fora, muitas novidades deviam ter acontecido.

Acessei os jornais e à primeira notícia, tive a impressão que a internet estava com problemas: Renan Calheiros continuava agarrado na presidência do Senado, e afirmava que dali não sairia.

Fechei o computador, voltei para meu café, e pensei no quanto é bom ficar só.

Link to original article: http://www.opovo.com.br/opovo/colunas/danuzaleao/

Arnaldo Jabor: Cinema americano louva a cultura da certeza

Isso nos faz saudosos do presente como se ele fosse um passado.

Fui ver o Iron Man (O Homem de Ferro). Saí do cinema e caí num grande vazio; depois daquele show de efeitos especiais, a cidade estava irreal. O filme é fantástico e inverossímel – tudo que eu queria ver no cinema, pois está cada vez mais difícil se iludir ou se horrorizar, com esta situação mundial espantosa. O público sai de alma lavada. Por quê? Porque se sente “protegido”. Saímos do cinema com a frase na cabeça: “Que seria do mundo sem os americanos?” “Vocês estariam perdidos”, nos dizem eles, “voltem a confiar em nós”. O filme americano atual quer restaurar nossa fé no Ocidente.

Ao contrário das obras comunas ou nazistas, que vendiam um “futuro”, um paraíso soviético ou um Reich de Mil Anos, os EUA vendem o “presente”. Americano não tem futuro. Só um enorme presente prático, feito de objetos e gadgets, serviços e sentimentos redentores. Por outro lado, nada é parte de um “complô” para nos “lavar o cérebro”, nada disso. Não é uma propaganda consciente. Não há Comitê Central nem CIA, por trás. Os americanos são um produto deles mesmos, acreditam no que dizem. A sinceridade é sua arma total. O verdadeiro cinema político é o filme americano.

Logo depois da Guerra Fria os filmes mostravam uma América em “frenética lua-de-mel” consigo mesma.

Com o fracasso do socialismo, que ainda lhes obrigava a alguma humildade, os americanos passaram a achar que “vida” e “América” eram a mesma coisa. “Ser” era ser americano. Nem o mais delirante filme de propaganda vendia a URSS com esta certeza.

A idéia de paraíso americano era a perfeição do funcionamento. Com o fim da Guerra Fria, os americanos ficaram meio desamparados, sem inimigos reais. Cultura paranóica não gosta disso. No mundo real, com a queda da URSS feito banana podre, com a globalização, veio impressão de que a história tinha acabado com final feliz americano. Os Estados Unidos eram o país da “cultura da certeza”.

Com o 11 de setembro, junto com as torres, caíram também a arrogância, o orgulho da eficiência. Deprimiram por uns anos, mas, depois da elaboração da derrota, retomaram a trajetória do mito americano e, assim como vão reconstruir as torres gêmeas, voltaram a fazer filmes para reconstruir o herói americano, tão humilhado nesta horrenda era Bush.

E os novos heróis não são políticos nem cowboys. Iron Man nos traz de volta o “homem-comum” que se transforma em herói (“você não nasce herói; você se constrói” – proclama o trailer).

O novo herói é um semideus com espantosa competência mecânica, praticante de um do-it-yourself épico, percorrendo “odisséias” tecnológicas.

Ele luta contra terroristas; não é a coletividade organizada. Quem vence é sempre o indivíduo sozinho e sua incrível competência para improvisar.

Antigamente, sofríamos durante a trama, esperando que os heróis ou amantes fossem felizes no final. Hoje, sabemos que tudo vai acabar bem, mas nos fascinam mais os infernos que eles terão de atravessar, para chegar a um desfecho fatalmente bom. A catarse chegará, mas antes temos amputações, temos bazucas estourando peitos, bombas, perigos e vemos que, mais importantes que as personagens, são as “coisas” em volta. Sim, as coisas. Personagem é só um pretexto para mostrar o décor. E o décor é um grande showroom dos produtos americanos, que são as verdadeiras personagens: maravilhosos aviões, os supercomputadores, a genialidade tecnológica.

Esses filmes são de uma eficácia assustadora, como seus heróis. Os roteiros são feitos em computador, de modo a não deixar respiros para o espectador. É preciso encher cada buraco, para que nada se infiltre na atenção absoluta. Os efeitos especiais são mais importantes que os conflitos psicológicos. Neste neo-cinema épico século 21, as personagens não fogem de um conflito; fogem dos produtos. Não importa o enredo; só o gozo da cena. O filme de ação busca na violência e nos desastres a mesma visibilidade total do filme pornô.

É uma nova dramaturgia de Hollywood: a estética do “videogame”, onde a personagem principal não é mais o “outro”, mas nós mesmos, com o “joystick” na mão e nenhuma idéia na cabeça.

Albert Camus escreveu que a América “odeia a idéia de morte, que tem de ser banida a qualquer custo”. Pois é; os filmes de violência e guerra, ao mostrar a morte nua em sua banalidade, sonham secretamente em exorcizá-la.

E pior: não adianta se refugiar na arte. O cinema de autor ficou mirrado diante de tanta homérica violência. A arte pressupõe uma imperfeição qualquer, uma fragilidade que evoca a natureza perdida; a arte inclui a morte ou o medo, mesmo no triunfo das estátuas perfeitas.

A destruição que vemos na vida, a sordidez mercantil, a estupidez no poder, o fanatismo do terror, o beco-sem-saída do fundamentalismo, a destruição ambiental, em suma, toda a tempestade de bosta que nos ronda está muito além de qualquer crítica. O mal é tão profundo que denunciá-lo ficou inútil.

Na arte atual, não há vestígios de esperança. Vivemos diante de um futuro que não chega e de um presente que nos foge sem parar. Isso nos faz saudosos do presente como se ele fosse um passado.

Uma espantosa nova linguagem surgiu e cresce como um “transformer”, como um “Megatron”, nas telas do mundo. E talvez só essa língua dará conta de nossa solidão, de nossa fome de ilusão. Não adianta buscar a bênção da arte. Só em filmes como Iron Man teremos o consolo do esquecimento.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Arnaldo Jabor -- "Roubar é humáno!..."

O Globo, Segundo Caderno, página 8, 15 abril 2008

Nada gruda nos ladrões-teflon

"Roubar é sexy, meu amigo" - me disse o ladrão assumido, deitado numa bóia roxa, flutuando na piscina, com um coquetel amarelo e rosa na mão. - "Roubar dá tesão! Tem algo de orgasmo. Quando eu embolso uma bolada, o fluxo de libido é inesquecível. Roubar é uma aventura louca, um filme de ação, roubar é um vício secreto; mesmo o roubo pequeno dá prazer - entrar numa loja e estarrar um livro ou uma jóia, com o coração disparado do pavor de ser pego, e depois a alegria de sair na rua, sem ninguém ver, dá um baratão, meu amigo... No ladrão de galinha e nas grandes roubalheiras há o mesmo prazer doce da adrenalina. Há muitos tipos de ladrões" - continuou o meu entrevistado, inteligente, articulado, sem uma mácula de culpa no rosto de Botox -, "mas o desejo geral é "dar um tapa numa nota" e resolver a vida para sempre, se bem que a vida não se resolve nunca", refletiu, filosófico, bicando o coquetel amarelo-rosa.

"A fantasia comum é sair da vida social e de seus contratempos, ir para uma praia infinita e nunca mais parar de beber água-de-coco. Mas isso é coisa de amadores. Profissas como eu querem roubar sempre. Depois do primeiro milhão de dólares, o negócio é mais pelo prazer. Já peguei muita mala preta debaixo de banco de praça. A libido que rola na hora de ver as "verdinhas" é melhor que morfina, palpar os dólares arrumadinhos pela concessão pública de um canal de esgoto ou de um golpe no INSS é uma volúpia inesquecível. Uma vez, peguei uma pasta com cem mil dólares. Fui tomar um cafezinho e tive o capricho de deixar a pasta em cima do balcão, ao lado do açucareiro, onde se acotovelavam operários com copinhos de cachaça, e eu pensava: "Nessa pasta aí está a salvação deles, e eles nem imaginam..."

Hoje, trabalho muito na política. Estar em Brasília é uma proteção. Antigamente, o sujeito roubava e fugia para o mato. Hoje, não. Foge para o Congresso, para dentro da Lei. A minha turma de ali-babás tasca cerca de 70 bilhões de reais por ano no país todo; é o cálculo estatístico. A concorrência é grande... E somos intocáveis... - somos os ladrões-teflon, pois nada gruda em nós.
Neste governo, então, está um maná! Com as alianças escrotas, onde a estratégia é topar tudo pelo poder do Lula e felicidade geral dos sindicatos, o Tesouro nacional é visto como um butim a ser "legitimamente" saqueado. Você viu outro dia a comemoração dos pelegos no Congresso, felizes, tudo de gravata, com uísque 30 anos, ameaçando jornalistas? A ideologia absolve e justifica os malandros. "Não tem nada demais pegar mais 100 milhões por ano e não prestar contas ao TCU... - afirmam - trata-se da vitória dos sindicatos sobre os burgueses que exploram o povo, pois, como dizia Lenin: os fins justificam os meios..." É assim....

Eu sou muito olhado com ódio e uma ponta de admiração nas churrascarias e shoppings. "Olha lá o ladrão!"..., o executivo diz, traçando uma picanha. Mas sei que o outro responde: "É ladrão, mas é espada, dá nó em pingo d"água!...". E nem ligo, porque me sei invejado pelas aventuras que me atribuem. As mulheres imaginam os colares que ganhariam se fossem minhas piranhas louras, como as putinhas dos filmes de gângsteres dos anos 40. E ainda se viram para o maridão otário e lhe atiram na cara: "Você não é honesto, não; você é burro!!"

Eu confesso um certo orgulho kitsch por meu sucesso na corrupa e no cafajestismo. Há uma beleza dionisíaca nisso. Depois que eu enriquei, fiz como todos: passei a entender de vinho... - nada como um Chateau Margaux 2000 - , comprei uma lancha de cinco milhões de dólares, gado holandês e, claro, tenho duas amantes "cachorras", de cabelo pintado e correntinha no tornozelo.

No roubo da coisa pública, tenho culpa zero (aliás, em tudo). Todos roubam - eu me justifico - e, então, eu tiro o meu. Antes eu do que eles...

Eu me vingo da humilhação da pobreza na infância: mãe lavadeira, sapato furado. Eu tenho justa causa, sim. E sou pessimista - não há o que fazer... sempre foi assim. O ser humano é nocivo por natureza... Por isso, taco a mão no dinheiro público...

Sinto até um toque de patriotismo. Deixar dinheiro lá para eles pagarem o FMI? Nunca... Sou meio de esquerda... E tenho minhas taras também. Quem não tem suas taras? Eu por exemplo, confesso, adoro ver os olhos covardes do empresário pagando-me propina pelo empréstimo conseguido no banco estatal ou para o perdão de uma dívida. O empresário tenta fingir naturalidade, mas o ódio acende-lhe os olhos. Adoro ver-lhe a raiva travada na boca, o sapo engolido, fingindo-se simpático, adoro ver-lhe as mãos trêmulas, adoro até o desprezo impotente que ele tem por mim. Gosto de me sentir conspurcado pelo nojo do outro. Eu me babo de prazer quando vejo a cara do juiz comprado ostentando alguma severidade, enquanto exara uma liminar comprada, e que se exaspera quando vê a piscadela cúmplice que eu lhe atiro na hora da sentença. Sinto-me superior aos otários que me compram, não me ofendo, ao contrário, olho-os do alto!

E vou mais longe. Superei a dor patológica de uma perversão mal assumida. Vou lhe contar o que não conto nem para o espelho. Outro dia, cheguei em casa, depois de ganhar uma grana negra tirada das verbas de remédio para criancinhas com câncer e, quando entrei em meu lar, doce lar, meus filhos felizes viam desenho animado na TV. Sabe que senti zero de culpa? Tive orgulho. Minha gelada indiferença me pareceu prova de macheza, uma novíssima forma contemporânea de integridade. É isso aí, meu ingênuo jornalista, pode botar tudo aí... eu sou inatingível... o Código Penal todo foi escrito para me proteger. Por que não passa na Câmara a reforma da Lei de Execuções Penais? Porque não deixamos... ah, ah... Este país foi feito assim: na vala, entre o público e o privado. Há uma grandeza na apropriação indébita, florescem ricas plantas na lama das roubalheiras. A bosta não produz flores magníficas? Pois é... o Brasil foi construído com esse fertilizante.

Sempre foi assim e sempre será. Roubo é cultura, meu amigo... Um forte abraço..."

domingo, 13 de abril de 2008

quarta-feira, 26 de março de 2008

Arnaldo Jabor -- O homem versus o mosquito

And this is once again the reason that sometimes Arnaldo Jabor is my hero:


O Rio é uma calamidade urgente que tem de ser assumida

Não interessa saber se a dengue é uma epidemia ou não. A dengue é apenas a forma microbiológica que expõe o caos geral da administração do Rio. Os vírus proliferam pelo mesmo fertilizante que estimula a corrupção, a violência, a vergonha burocrática. A verdadeira epidemia é a administração da cidade que já atinge um grau de gravidade talvez irreversível.

Vivemos no Rio (oh leitores de outros estados!...) a sensação permanente do Insolúvel. Já temos a dengue, a febre amarela; um dia chegaremos à perfeição da varíola. Mas muitos sintomas eclodem alem da dengue: depressão, miséria, violência, ignorância. A própria crise psicótica do Cesar Maia também é um sintoma. Ele, que pareceu um exemplo de pragmatismo para quebrar a cadeia do populismo, entrou em catatonia, em paralisia mental, e não fala mais. Diante do Insolúvel, ele emite ruídos de e-mail como um robô quebrado.

O Rio de hoje é o filho defeituoso que a ditadura militar criou, pela fusão com o Estado fluminense, a estratégia "geiseliana" de afastar o MDB de uma possível vitória na política nacional em 75.

A des-fusão dos dois estados e a volta da Guanabara é um tema que surgiu, fervilhou e esfriou de novo, como tudo aqui. Seria uma utopia? Na Prefeitura, na Câmara Municipal, assembléias, repartições, vemos a cenografia e figurinos de nossa desgraça.

Estamos salpicados de favelas, de onde descem hordas de assaltantes para pescar cidadãos como num parque temático, somos governados por populistas de direita há décadas. Nosso melhor governador ("prefeito" do Estado da Guanabara) foi o Carlos Lacerda. Homem inteligente e competente - o ódio máximo de minha juventude - ( podem me esculhambar, velhos comunas...), mas que nos trouxe luz, água, túneis, urbanização e o conceito de administração moderna contra a politicagem fisiológica. Lacerda, com todos seus defeitos, era um atalho no populismo que tirou o Rio do ciclo "de dia falta água, de noite falta luz..."

Hoje, há um caldo de cultura de onde germina nossa tragédia. Ou melhor, duas grandes poças de cultura que se somam.

A primeira grande poça trágica é a imensa ignorância da população pobre, presa da demagogia de oportunistas que usam a religião, o clientelismo, o cabresto, grana, tudo para conquistar votos.

A crassa ignorância dos despossuídos é o chão onde crescem os pseudo-políticos, como a água parada gesta ovos de mosquitos.

A segunda poça de germes é mais sutil. Não está no analfabetismo, nem na crendice, nem na ingenuidade. Está no carioca médio e em sua "cultura malandra". Depois de décadas de desgraça, ainda não sabemos como agir, como nos mobilizar, além de vagos protestos, cartas a leitores ou comentários (como eu mesmo faço), na facilidade da indignação impotente.

Atraso x modernização

Cariocas, somos considerados criativos e manemolentes, quando hoje estamos mal informados e sem inspiração. Somos malandros com o terno esfarrapado, a navalha sem aço e o chapéu panamá rasgado. O carioca tem uma "poética" irresponsabilidade política. Carioca gosta de falar de política mas não de agir politicamente; tudo se afoga no chope ou na praia e chegamos, no máximo, a movimentos abstratos, pedindo paz, abraçando a Lagoa, cantando, chorando. O carioca é ideológico, mas deixa a política para os canalhas. E nossa única saída para a tragédia que vivemos seria uma virada pragmática, uma mudança, uma diferença de métodos e de ética. O Rio está organizado para "não" funcionar.

Tornou-se impossível governar sem uma macro-mudança administrativa. Precisamos de cinturões industriais na periferias, precisamos criar algum objetivo econômico para a região, seja a criação de uma "hong kong" carioca, uma base financeira e cultural. A idéia de que há uma "solução" para o Rio é uma falácia. Precisamos de atalhos, de imaginação. Não dá para retornar a uma "normalidade" ideal, apenas por uma corriqueira substituição de poder. O Rio tem de planejar seu futuro em cima de um luto, da aceitação de uma grave encrenca em estado adiantado.

Com a aproximação das eleições para a Prefeitura, dois cenários se apresentam na paisagem política: o atraso e a possibilidade de uma modernização. Marcelo Crivella é o uso da política como instrumento de outro poder. A prefeitura não como um instrumento para o bem da cidade. A cidade não como fim, mas como meio. Seus eleitores já foram escolhidos e apontados em sua primeira declaração contra Fernando Gabeira: "Ele é a favor de homem com homem, aborto e maconha". É nítido que ele vai usar a superstição, o moralismo tacanho, a ignorância e a obediência religiosa para se eleger, depois de ter sabiamente desviado Wagner Montes do caminho, ele o mais forte candidato no mundo da ignorância pública.

Para esta vertente político-religiosa, quanto mais paralisada a máquina da cidade, melhor. Quanto mais indefesos forem os aparelhos do estado, melhor. Depois do populismo chaguista no estado, depois da honestidade incompetente de Saturnino Braga, depois do brizolismo, da piração de Cesar Maia, involuímos para o populismo da fé.

Por outro lado, a possibilidade de eleição de Fernando Gabeira pode ser uma oportuna retomada de um pragmatismo que não se vê desde o boom do Estado da Guanabara. Não falo por salvacionismo, nem Gabeira seria um bonaparte. Falo porque ele pode criar uma nova vertente política, cortando caminhos pela imaginação, pela criatividade e pelo nível intelectual e contemporâneo que ele representa. Mudança de rumos, mudança: quase um Obama carioca.

Quem pode atrapalhar Gabeira? Homens e mulheres de bem, como Chico Alencar, Jandira, Eduardo Paes, que pensam ainda em termos legítimos (sem dúvida) mas também sem possibilidade alguma de vitória.

Eles teriam de entender e se coligar com o único que tem uma chance de vencer o populismo psicótico (sou um romântico). Entender que o Rio não é uma cidade a mais à espera de uma eleição. Somos uma calamidade urgente que tem de ser assumida, como o desmatamento da Amazônia ou a seca no Nordeste.